PODER LEGISLATIVO DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA

Câmara de Vereadores de Santa Maria - RS

Santa Maria, quarta-feira, 22 de maio de 2024

23/08/2017 00:08
Moção de Congratulação nº 12956/2017

Moção de Congratulação nº 12956/2017
REQUER O ENVIO DE MOÇÃO DE CONGRATULAÇÕES AO "JUBILEU DOS 300 ANOS DE APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA."


Para os católicos a virgem Santa, mãe de Jesus Cristo, apareceu em diversas localidades ao redor do mundo em momentos importantes da historia. Graças a misericórdia de Deus, Maria apareceu no Brasil na forma de uma imagem negra, na época em que a escravidão no país estava em alta.

Maria foi proclamada Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha do Brasil, em 16 de julho de 1930 pelo Papa Pio XI. O Brasil rende-se ao amor incondicional da "Mãe Negra" no dia 12 de outubro, data que marcou, em 1990, a proclamação de feriado e consagração do Santuário Nacional de Aparecida pelo Papa João Paulo II.

A aparição da imagem de Nossa Senhora de Aparecida ocorreu em 1717, época das Capitanias Hereditárias. O governante das Capitanias de São Paulo e Minas de Ouro estava de passagem pelo Vale do Paraíba, mais precisamente por Guaratinguetá. Animados com a visita, o povo daquela localidade resolveu fazer uma festa de boas vindas e para isso chamaram três pescadores, Domingos Garcia, João Alves e Filipe Pedroso para lançar as redes no rio e pescar bons peixes.

O fato era que naquela época, meados de outubro, não era tempo de peixes. Porém, como não poderiam contradizer o pedido, rezaram pela proteção de benção da Virgem Maria e de Deus para que pudessem voltar à terra firme com fartura. Depois de  inúmeras tentativas sem sucesso, eis que surpreendentemente eles pescaram o corpo de uma imagem. Curiosos, lançaram novamente as redes e "pescaram" uma cabeça que se encaixou perfeitamente ao corpo. Depois deste encontro, que nos dias de hoje é representado em todo Brasil no dia 12 de outubro emocionando os fiéis, o barcos e encheu tanto de peixes que ele quase virou!

A partir daí, a devoção da Santa foi se espalhando. Primeiro nas casas, depois se construiu uma capela, depois uma basílica, ate´chegar ao quarto maior santuário do mundo, o Santuário Nacional de Aparecida localizado na cidade de Aparecida, interior do Estado de São Paulo.

Até 1745 a imagem ficou em oratório particular. Em 1888 foi levada para o Santuário de Aparecida, sendo em 1930 declarada Padroeira do Brasil. É interessante observar que a ida da imagem para o Santuário de Aparecida se dá no inicio da Romanização. A Romanização inicia-se na segunda metade do Século XIX e traz uma mudança substancial ao catolicismo brasileiro. O centro do catolicismo desloca-se dos santos para os sacramentos.

Essas informações foram levadas a termo de ação dos bispos reformadores, auxiliados por padres e freiras vindas da Europa ou por eles formados. A estratégia Romanizadora consistia na substituição das antigas devoções por novas mais ligadas aos sacramentos, da substituição das organizações legais por outras mais clericais e da ocupação por padres dos antigos centros de romarias. Estes passam a ser confiados a padres, especialmente aos Redentoristas. As imagens dos santos de devoção passam a ser guardadas nos templos paroquiais, saindo das mãos dos leigos.

Como reação à Romanização surge uma nova forma de catolicismo, a qual chamamos de Catolicismo Privatizado. Esta forma de catolicismo é centrada no santo, à semelhança da forma de catolicismo que havia antes da Romanização (catolicismo tradicional). Porém as devoções que antes tinham caráter comunitário agora passam a ter caráter privatizado.

Podemos observar como a historia de Aparecida se encaixa no esquema da Romanização. A devoção se inicia em 1717 e a imagem permanece muitos anos sob guarda leiga. É justamente em 1888 quando se inicia a Romanização que a imagem é levada para o Santuário de Aparecida. Hoje as devoções a Nossa Senhora Aparecida como pudemos perceber nos relatórios de pesquisa de campo, tem caráter predominantemente privatizado.

A devoção do povo como devoção a Nossa Senhora se desenvolveu em grandes linhas e como esta devoção se insere nos movimentos de Romanização e Privatização pela qual passa o Catolicismo do Povo.

Agora, vamos procurar ver a maneira mais concreta como esta devoção é praticada pelo povo. O material que nos servirá de fonte é o que foi coletado pelos agentes de pastoral envolvidos na pesquisa em entrevistas e observações, conforme já havíamos assinalado na introdução.

Os relatórios nos mostram a diversidade das historias contadas pelo povo. Existe uma versão que aparece varias vezes na qual "a santa" era uma "menina escrava e preta" que como os demais escravos era muito judiada pelos fazendeiros. Um dia a colocaram numa barrica onde foram enfiados muitos pregos. A Barrica fechada foi empurrada de cima da montanha e caiu na água. Neste momento, "a menina se santificou". Os pescadores acharam pedações do corpo que deixados na grama se juntaram e ela se tornou viva. Nesta versão, Nossa Senhora Aparecida não é, ao menos aparentemente, relacionada com Maria.

Existem outras versões que embora apresentem variações de detalhes coincidem mais ou menos com a versão "oficial".

A "A santa" foi encontrada por três pescadores muito pobres, de nomes: Filipe, Pedroso e Garcia. Moravam num rancho esburacado, muito miserável. A pescaria andava muito ruim por aquelas bandas. Um dia até o óleo da lamparina acabou. Aí eles foram mais uma vez com fé em Deus jogar a rede. Foi quando pescaram o corpo da santa. Jogando a rede outra vez e pescaram a cabeça. Daí em diante pescaram tanto que encheram todas as canoas. Aí levaram a "santa" para o rancho e os milagres foram acontecendo.

O pessoal do lugar achou que aquele rancho era muito pobre e levaram "a santa" para uma casa melhor. Qual não foi o espanto do povo, quando no outro dia sem ninguém levar, "a santa" estava no mesmo lugarzinho, no rancho. "Esse caso aconteceu várias vezes".

O dado interessante que  aparece aí, e em vários relatos de forma parecidas, é a insistência "da santa" em ficar na casa do pescador e a recusa do santuário. Resistência esta que se repte na insistência de permanecer no santuário velho ao invés de ir na igreja nova.
 
Em alguns relatos a casa do pescador é incendiada e a imagem levada para outro lugar , reaparecendo porem no lugar da casa, em cima de um toco. " A santas" expressa sua preferência ou recusa de mudar de lugar andando de volta ao lugar antigo. Assim, o povo reage através das histórias !da santa" à Romanização. Ela não gosta do santuário, preferindo o oratório doméstico. Diante disso, pedimos que esta Casa manifeste-se aprovando essa Moção de Congratulações.

 
Santa Maria, 17 de agosto de 2017
Criado em: 17/08/2017 - 15:20:23 por: Danesio Teixeira Alterado em: 27/09/2017 - 09:08:15 por: Lucélia Machado Rigon

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