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Santa Maria, sexta-feira, 17 de maio de 2024

CPI ouve integrantes do Corpo de Bombeiros


  • 08/04/2013
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A Comissão Parlamentar de Inquérito instalada para investigar e apurar fatos e atos relacionados ao incêndio na boate Kiss, ocorrido em 27 de janeiro, dedicou a manhã desta segunda-feira (08) para ouvir o Major Gerson Pereira, chefe do Estado Maior do 4º Comando Regional dos Bombeiros, que falou em nome de Gilson Martins Dias; Vagner Coelho e Renan Berleze, também integrantes do Corpo de Bombeiros. Logo após abertura dos trabalhos, o Major solicitou à CPI espaço para expor atuação dos Bombeiros no dia a dia e no episódio da boate. Após a explanação, foram exibidos trechos do programa Conversas Cruzadas, da TV Com, e também, da audiência realizada pela Comissão Externa da Câmara dos Deputados sobre a tragédia em Santa Maria para ouvir os delegados Sandro Meinerz e Marcelo Arigony.

Com a voz embargada, o Major Gerson agradeceu o apoio de familiares e de integrantes dos Bombeiros, os quais acompanharam a oitiva. “Tenho obrigação de dizer a verdade. Vou dizer a minha verdade como Bombeiro Militar. Alguém que viu o que eu vi”, acrescentando que não compareceu à CPI para atacar ninguém, mas apenas para fazer defesa. “Vou ser defensor ferrenho para que coisas semelhantes não aconteçam. Vi muitas crianças lá que eram amigas da minha filha”, destacou. O Major Gerson, que foi indiciado e denunciado por fraude processual, declarou que fraude é o que fizeram com ele e com os Bombeiros. “Nunca eu e o Renan tivemos dolo em nada. Quero justiça como todo mundo quer”, enfatizou, declarando esperar que a Justiça tenha possibilidade de corrigir a denúncia do Ministério Público. Enfatizou que nunca praticou fraude processual. Reproduzindo participação do promotor Davi Medina da Silva no programa Conversas Cruzadas, classificou o inquérito como leviano.

Sobre a noite da tragédia, relatou que recebeu telefonema da Corporação perto das 4h da madrugada, informando do incêndio. “A primeira atitude que tive foi pedir o Plano de Prevenção de Incêndio e a partir das 7h da manhã estava com plano nas mãos”, informou. Sobre o número de pessoas na boate, relatou que autorizou o sargento Renan a buscar na casa da engenheira documento com capacidade no local. O Major Gerson destacou o profissionalismo dos Bombeiros, informando que há, todos os anos, cursos de reciclagem. “Delegado nenhum tem isso. Não tem o direito de dizer que atendemos mal. Nós sabemos como funciona nosso sistema e eles (delegados) não sabem. Quem pode afirmar que esses homens (bombeiros) não atenderam bem? Eles foram valorosos.

Os Bombeiros tentaram salvar as pessoas da maneira mais rápida possível. Na sequência, o Militar solicitou a um dos Bombeiros presentes nas galerias para mostrar ao público o cilindro de oxigênio e o fardamento de combate ao incêndio utilizado pela Corporação. “Se civil fosse utilizar não saberia operar e, portanto, não conseguiria”. O inquérito foi tão mal feito que não sabem que os Bombeiros possuem o equipamento”, opinou.

Após explanação do Major Gerson e da exibição dos vídeos, a CPI passou a oitiva propriamente. A Comissão, integrada pelos vereadores Maria de Lourdes Castro, Dr. Tavores e Sandra Rebelato, contou com a participação na mesa de trabalhos do advogado da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Jonas Stecca.

O Major reiterou que, desde 2007, o cálculo populacional não está previsto no Plano de Prevenção ao Incêndio. “O cálculo que tínhamos foi feita por uma engenheira e apresentado à prefeitura”, explicou. Respondendo à CPI, informou que o desaparelhamento de pessoal e equipamentos nos Bombeiros é uma realidade que se arrasta há muitos anos. O Major Gerson informou que, no mínimo, 800 pessoas foram salvas na tragédia. “A ocorrência foi atendida a partir de sete minutos. Na chegada ao local, já havia pessoas vitimadas no leito da via”, relatou, acrescentando que foi uma ocorrência anormal.

Na sequência, a CPI ouviu o sargento Renan Severo Berleze. Inquirido pelo representante da AVTSM, advogado Jonas Stecca, o sargento explicou sobre as normas para as edificações, principalmente em relação aos chuveiros automáticos, os sprinklers e também em relação às aberturas exigidas, como portas e janelas. Em relação à vistoria feita na boate, o sargento comenta que uma porta estava “trancando”, o que não configurava a existência de duas saídas. Declarou que nenhum bombeiro liberaria uma boate com guarda-corpos obstruindo a saída e que, durante a única vistoria feita por ele, os guarda-corpos não estavam lá. Afirmou ter ido à casa da engenheira Josy Maria Gaspar Enderle pegar os documentos da boate, tendo entregado os mesmos nas mãos do Major Gerson. O sargento Renan Berleze declarou-se sem condições de responder a mais perguntas.

À tarde, a partir das 14h40, a CPI ouve o fiscal municipal Marcus Vinicius Bittencourt Biermann e o presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Santa Maria (CACISM) e ex-presidente do Fundo de Reequipamento do Corpo de Bombeiros (FUNREBOM), Luiz Fernando Pacheco. O secretário municipal de Proteção Ambiental, Luiz Alberto Carvalho Jr., encaminhou, no final da manhã, um atestado médico justificando sua ausência durante a tarde. As oitivas acontecem no Plenário da Câmara de Vereadores. Acompanharam a atividade desta manhã os vereadores Admar Pozzobom, Daniel Diniz e Cel. Vargas.

Texto: Clarissa Lovatto Barros
Fotos: Daniela Huberty

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