A Comissão Parlamentar de Inquérito instalada para investigar e apurar fatos e atos relacionados ao incêndio na boate Kiss, ocorrido em 27 de janeiro, realizou reunião ordinária na tarde desta quinta-feira (09), no Plenarinho da Câmara de Vereadores.

Durante a reunião, que contou com a presença de membros da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia - AVTSM, a presidente da CPI, Maria de Lourdes Castro, relatou as recentes ações da comissão. A vereadora relatou que, no início dos trabalhos, a comissão havia solicitado o relatório completo do trabalho realizado pelos Bombeiros por ocasião da tragédia, além de cópia do Sistema Integrado de Gestão de Prevenção a Incêndio (SigPI). De acordo com Maria de Lourdes, a CPI recebeu os documentos solicitados somente no dia 25 de abril, no entanto, o conteúdo enviado pelo Corpo de Bombeiros apresenta um relatório inconsistente.

Maria de Lourdes também relatou que a comissão recebeu ofício encaminhado pelo delegado Marcos Viana, solicitando cópias dos depoimentos dos servidores Elisabeth Trindade Moreira, adjunta na secretaria de Habitação, Fabiana Comasseto Copetti, agente administrativa na secretaria de Mobilidade Urbana e Marcus Vinicius Ramos Moraes, engenheiro da prefeitura. Os três já prestaram depoimentos na CPI, no entanto, segundo a presidente, a solicitação da Polícia Civil ainda não pode ser atendida, pois os depoimentos ainda estão sendo transcritos.

Em relação à solicitação do advogado Jonas Stecca, que representa a AVTSM, para que sejam convocados a prestar depoimento os empresários Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, proprietários da casa noturna, Maria de Lourdes Castro explicou que, em decisão conjunta, os vereadores integrantes da CPI decidiram não convocá-los, por entenderem que a comissão existe para fazer o levantamento de possíveis irregularidades na administração municipal, não sendo função da mesma investigar os empresários, que estão sob custódia do Estado e responderão sobre seus atos na Justiça criminal.

Jonas Stecca se pronunciou e fez questão de registrar em ata que respeita a decisão da CPI, mas não concorda com ela. De acordo com o advogado, os proprietários da boate teriam grande colaboração para dar para o esclarecimento dos fatos. “Em nome da associação, faço questão de registrar o meu desacordo e o meu protesto com a decisão tomada por esta CPI”, declarou Stecca.

Em relação à convocação do prefeito Cezar Schirmer, Maria de Lourdes Castro confirmou que o chefe do Executivo será convocado para depor, tão logo retorne de agenda em Brasília, o que deve acontecer na semana do dia 20 de maio.

Ao final da reunião, o vereador Werner Rempel questionou sobre a convocação do ex-secretário de Controle e Mobilidade Urbana, Sérgio Medeiros. A presidente da CPI informou ter enviado convite a Medeiros, no entanto, a resposta de Medeiros foi negativa, alegando que assim como não prestou depoimento na Polícia Civil, também não deveria prestar na Comissão Parlamentar de Inquérito.

As próximas atividades da CPI deverão ser divulgadas na próxima semana, quando será apresentada a relação de nomes para prestar depoimentos na Câmara. Segundo Maria de Lourdes Castro, a previsão é que sejam ouvidos três fiscais da Prefeitura, um arquiteto e um engenheiro, além de um ex-proprietário da casa noturna, Alexandre Costa.

Texto: Ana Bittencourt
Fotos: Carolina Bonotto