Com o objetivo de discutir a situação da saúde em Santa Maria, a Comissão do Legislativo promoveu, na manhã desta quarta-feira (08), audiência pública com participação de representantes do Executivo Municipal, do Hospital Universitário de Santa Maria, do Conselho Municipal de Saúde, além de profissionais e acadêmicos da área da saúde e Associações Comunitárias. No ano passado, a Comissão realizou audiência com a mesma temática, conforme informou o presidente da Comissão de Saúde do Legislativo, vereador Luis Carlos Fort. Os vereadores Manoel Badke, Maria de Lourdes Castro, Helen Cabral, Marion Mortari e Werner Rempel participaram da atividade no plenário da Câmara. Acatando sugestão da plenária, a Comissão irá organizar cronograma para viabilizar audiências nos bairros do município a fim de viabilizar a participação da população diretamente interessada no assunto.
Agentes comunitários questionaram sobre o critério de lotação dos profissionais nomeados, pois há evidências – inclusive com denúncias formalizadas ao Executivo – de que agentes moradores de determinada região do município estariam atuando em localidade diversa, contrariando dispositivo de legislação federal. Já representantes das Associações Comunitárias enfatizaram a necessidade de efetivação das equipes de Estratégia de Saúde e a contrariedade com a terceirização dos serviços. Relataram que o posto de saúde da vila Kennedy está abandonado, inclusive com aparelho de raio-x desativado, prejudicando atendimento efetivo dos moradores. Houve, ainda, críticas ao término do terceiro turno e a ausência de médicos para atender à população, mesmo com a prévia distribuição de fichas. Outra reclamação do público refere-se à falta de médicos especialistas.
Após ouvir a exposição do público, o secretário adjunto de Saúde, Luiz Gustavo Thomé, afirmou que o Executivo Municipal está trabalhando com intuito de resolver os problemas locais. “A saúde tem vários problemas a nível estrutural e a nível de pessoal. Não são fáceis de resolver. Temos problema sérios de conseguir profissionais para trabalhar”, destacou, exemplificando a dificuldade de contratar médicos para o Pronto Atendimento do Patronato. Em relação ao posto de saúde da vila Kennedy, Thomé comunicou que o objetivo é deixar a unidade mais resolutiva para evitar que os pacientes precisem buscar um segundo atendimento no PA Municipal. Informou, ainda, a intenção do Executivo em realizar concurso público para suprir a falta de profissionais. O representante do Husm, Arnaldo Rodrigues, fez um panorama dos serviços prestados, informando que das consultas realizadas pelo hospital, 51% são para moradores de Santa Maria e, no atendimento de urgência, o índice chega a 60%.
Rosa Wolf, do Conselho Municipal de Saúde, afirmou que, ano após ano, o Conselho tem alertado que a saúde em Santa Maria caminha para o caos. “Temos indicadores de saúde que manifestam o desmonte que aconteceu com saúde pública em Santa Maria. Em três anos, os indicadores voltaram ao século passado. Temos de lembrar que quando falhamos na saúde as pessoas morrem”, ressaltou. Rosa Wolff criticou a deficiência na gestão de saúde e relatou, por exemplo, que o ano de 2010 encerrou com R$ 16 milhões em caixa, significando que metade do total previsto para a área não foi investido em saúde e o resultado disso, destacou a conselheira, é o aumento do número de mortes de pessoas que não conseguem atendimento especializado. Wolff reiterou críticas à falta de planejamento na gestão de saúde e ao fato de o Executivo Municipal não seguir as orientações do Conselho, que possui caráter deliberativo e consultivo.



Texto: Clarissa Lovatto
Fotos: Gabriela Perufo