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Câmara de Vereadores de Santa Maria - RS

Santa Maria, terça-feira, 7 de maio de 2024

Legislativo Municipal outorga títulos de benemerência e de vereador emérito


  • 04/05/2012
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Em sessão solene realizada na noite desta quinta-feira, 3 de maio, como parte da programação da Semana da Câmara, ocorreu a entrega dos títulos de Cidadão Honra ao Mérito, Cidadão Benemérito, Cidadão Santa-Mariense e da distinção de vereador emérito. Sob o comando do presidente da Câmara, a solenidade, abrilhantada pela Banda da Brigada Militar, contou com a presença do prefeito Cezar Schirmer, do Reitor da UFSM, Felipe Muller, e do deputado estadual Jorge Pozzobom, entre diversas outras autoridades.
O ato teve início com a entrega do título de Cidadão Honra ao Mérito, conferido anualmente a pessoa que tenha se destacado pela prática de ato de renúncia, sacrifício ou solidariedade. A honraria coube, este ano, à professora Alcione Flores do Amaral, graduada em Letras pela UFSM, com larga trajetória no magistério público e privado, militante pioneira do Movimento Negro em Santa Maria e de destacada atuação humanitária frente ao Rotary Club. A saudação em nome do legislativo coube ao vereador Jorge Trindade, que resumiu a trajetória da homenageada. Alcione é filha de Agenor Alves do Amaral – saudoso fundador da Escola de Samba Vila Brasil – e Zilda Flores do Amaral. Estudou no Colégio Sant’Anna desde os 5 anos até o final do segundo grau. Possui Curso de Especialização em Língua Portuguesa pela FIC e Curso de Especialização em Língua Portuguesa pela UFSM. Trabalhou no Colégio Manoel Ribas, durante 25 anos, com Língua Inglesa e também em outras instituições de ensino como Hugo Taylor, Paulo Sarasate, Riachuelo e Centenário, sendo, também, pioneira do Colégio Militar de Santa Maria. Desde os 16 anos, participa de atividades realizadas pelo Movimento Negro de Santa Maria. Participou de vários grupos, sempre tentando saber mais sobre sua etnia, e incentiva alunos e amigos a estudarem. Pertence ao Rotary Club de Santa Maria-Sul tendo sido secretária e vice-presidente, até chegar à presidência, em 2009. Atualmente, é presidente da Associação das Senhoras de Rotarianos – Casa da Amizade de Santa Maria. “A homenageada sente-se feliz e responsável por estar dirigindo a entidade no ano em que a mesma completa 50 anos de serviços prestados à comunidade santa-mariense. Várias ações são realizadas pela Casa, a fim de minorar as carências de Santa Maria. Os chás, jantares, realizados pela Casa têm por objetivo angariar fundos para aqueles que necessitam. Os recursos são destinados a projetos de geração de emprego e renda como cursos de eletricidade, tricô, macramé, pintura, crochê tunisiano, padaria, violão, flauta e outros. Diversas doações são realizadas como óculos, cadeiras de roda, cestas básicas”, ressaltou o vereador.
Após receber o título e flores das mãos do vereador Jorge Trindade, Alcione Flores do Amaral fez uso da palavra, destacando a satisfação e a responsabilidade em receber a honraria, que enaltece o conjunto de ações humanitárias das quais foi participante. A homenageada agradeceu a herança de formação humana recebida dos pais e o permanente apoio dos companheiros do Rotary Club e Casa da Amizade.
O título de cidadão benemérito, conferido a pessoa de destacada atuação no meio social, cultural, político, que haja prestado relevante serviço de interesse público ao município, teve como agraciado o médico Roberto Lemos. A saudação ficou a cargo do presidente da Câmara, vereador Manoel Badke, que discorreu sobre a carreira do cirurgião nascido no município de Arroio Grande. “São poucos os santa-marienses que, em algum momento de suas vidas, não tiveram um familiar confiado ao Dr. Roberto Lemos. Este cirurgião geral, nascido em Arroio Grande, no sul do nosso estado, que há poucos dias completou 70 anos, é filho de Cipriano Waldomiro Lemos e Santa Lina Lopes Lemos. Formou-se em Medicina, pela UFSM, em 1969. Médico do Hospital Universitário de Santa Maria desde 1970 e professor da UFSM desde 1971. São 42 anos de atividade profissional em que, seguramente, realizou mais de 30.000 cirurgias e por cuja orientação passaram mais de 4000 estudantes de medicina”, detacou o parlamentar. Maneco afirmou ainda que a maior parte dos médicos em atuação na nossa cidade, atualmente, foram seus alunos e, depois seus colegas. “Foi de alguns deles que buscamos as impressões sobre o profissional e sobre o homem. Todos ressaltam a sua inteira disponibilidade para o trabalho, sem nunca ter levado em conta quem fosse o paciente, sua condição social, cultural ou projeção na sociedade. Todos os pacientes, indistintamente, sempre tiveram o melhor do seu esforço. Para o Dr. Lemos não existem, duas categorias de pessoas, os pobres e os ricos. Existem pacientes que sofrem e procuram alívio, existem seres humanos. Aliada a essa humanidade do nosso homenageado, ainda é preciso destacar a sua grande capacidade técnica, a sua habilidade cirúrgica e um grande conhecimento da Medicina. Não há um dia sequer que não estude para dar o melhor para seus pacientes. Num mundo de permanente disputa, não é raro encontrarmos professores que ensinem o suficiente para seus alunos, mas que, contudo, não ensinam tudo o que sabem. Há uma unanimidade entre os que já foram alunos do Dr. Roberto Lemos, que ele sempre passou todo o seu conhecimento nas aulas, sem restrição de qualquer natureza, ensinando-lhes, sobretudo, aquilo que não está nos livros, aquilo que uma intensa atividade profissional lhe deu”, ressaltou o vereador. Roberto Lemos, em 1997, recebeu a Medalha Estrela de Reconhecimento e, em 2006, a Medalha do Mérito do Serviço de Saúde, ambas conferidas pelo Governo do Estado do Rio grande do Sul. O Hospital da Brigada Militar de Santa Maria lhe conferiu o Certificado de Reconhecimento pelos Incansáveis Serviços Prestados durante 35 anos, em 2006. Foi médico da Casa de Saúde da COOPFER e atualmente, além do HUSM, exerce suas atividades profissionais no Hospital da Brigada Militar e no Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo. “Embora seja dono de um senso prático, raras vezes visto, nunca se descuidou da parte científica, com uma grande produção de artigos publicados em periódicos como autor ou co-autor, palestrante, moderador de mesas redondas e participação de bancas de avaliação” acrescentou o presidente da Câmara.
Ao fazer uso da palavra, após receber o Título de Cidadão Benemérito das mãos do vereador Manoel Badke, Roberto Lemos disse receber a distinção com orgulho, mas sem vaidade. O cirurgião mencionou a formação ética e moral recebida dos pais e disse considerar-se uma pessoa de muita sorte por ter sempre contado com a orientação, o exemplo e o apoio de mestres e amigos fraternos. Lemos agradeceu a dedicação e a compreensão da esposa, Maria Isolda, e dos filhos, que sempre souberam conviver e tornar mais leve a ausência do pai e marido, em função da atividade profissional. O homenageado falou ainda sobre questões sociais da atualidade questionando algumas inversões de valores, que colocam o sucesso à frente do trabalho.
O Título de Cidadão Santa-Mariense, conferido a pessoa natural de outro município que, por sua atuação social, cultural, política, econômica e administrativa, haja prestado relevante serviço ao município de Santa Maria foi entregue ao empresário Valdemar Roveda, que foi saudado pelo vice-presidente da Câmara, vereador Admar Pozzobom. Filho de Amélio e Alba Micheletto Roveda, o homenageado é natural de Posse Boa Vista, localidade do município de Marau. Em 1961, ingressou no serviço militar e, em 1964, na Brigada Militar. Em 1969, Valdemar Roveda chegou a Santa Maria para prestar exame para o Curso de Sargento, no qual foi aprovado e aqui passou a residir. “Mesmo trabalhando, jamais desistiu dos estudos e, em 1971, foi para o nosso colégio Maneco, local onde concluiu o segundo grau. Posteriormente, foi chegada a hora de enfrentar a universidade, tendo inclusive que optar por deixar a Brigada Militar para poder conseguir terminar os estudos. Roveda semre foi um vencedor de adversidades e obstáculos que a vida lhe impôs. Como homem empreendedor que é, ingressou no ramo imobiliário e empresarial, sempre agindo com imparcialidade, boa-fé e ética em seus empreendimentos. Valdemar Roveda, além das atividades já mencionadas passou a atuar no ramo da imprensa escrita através do Jornal A Cidade e também na Rádio Imembuí”, referiu o vereador.
Ao agradecer a honraria conferida pelo município, Valdemar Roveda mencionou a satisfação em ser homenageado em vida. O agraciado enalteceu a formação e o convívio proporcionados pela Brigada Militar e falou de sua paixão pela mídia extravazada em seu Jornal A Cidade e pelos microfones de emissoras locais. O Título de Vereador Emérito, conferido a ex-parlamentares que no transcorrer de suas legislaturas tenham prestado relevantes serviços ao Poder Legislativo e à Cidade de Santa Maria. A distinção foi destinada, neste ano, ao ex-vereador Luiz Roberto Simon do Monte, o Beto São Pedro. A trajetória do homenageado foi resumida pelo vereador Werner Rempel. “Existem pessoas que, pela sua capacidade de discernimento e de apreensão da realidade, por sua compreensão do mundo, por estarem impregnados de fraternidade e de humanidade, provocam, nos ambientes em que convivem, sentimentos de confiança, de orientação segura e de amizade sincera. É assim que eu vejo o Beto São Pedro, que é a forma como todos se referem ao Luiz Roberto Simon do Monte, nosso Vereador Emérito. Este são-pedrense conhece um adágio popular para quase todas as situações. No início do governo municipal, do qual fui vice-prefeito e ele diretor da Secretaria Geral de Governo, fui vitimado por uma dessas frases, quando eu demonstrava excessiva ansiedade: Até parece perdigueiro novo, que não amarra a perdiz. Ou, então, nas indicações de alerta sobre a potencial possibilidade de incômodos, que uma atitude pouco refletida poderia gerar: Quem não quiser barulho, não amarre porongos nos tentos”, discorreu Werner.
O vereador rememorou ainda que, já como secundarista, Beto fazia parte de um grupo de pesquisas folclóricas, que tinha a participação, entre outros, de Sérgio Metz, grande promessa das letras rio-grandenses, que cedo nos deixou. Por esse tempo, o grupo folclórico estava empenhado no estudo das reduções jesuíticas, importante capítulo da História do Rio Grande do Sul. “Quando, em 1973, passou no vestibular da UFSM para Comunicação Social-opção Jornalismo, foi pelas mãos de Sérgio Metz, o jacaré, que conheceu Adelmo Genro Filho, numa festa de comemoração promovida pelo Setor Jovem do MDB. Foi o início de uma sólida amizade. Talhado para a profissão que escolhera, no primeiro semestre do curso foi estagiário no jornal A Razão . Em 1976, em Porto Alegre, parte da intelectualidade de esquerda reuniu-se em torno de um jornal denominado Semanário de Informação Política, que contava, entre outros, com Tarso Genro, Adelmo Genro Filho, Sérgio Weigert, Raul Pont. Como Adelmo foi eleito vereador em Santa Maria, houve a necessidade de indicação de um substituto na redação do Semanário. Beto foi o escolhido e assumiu esta função à altura do que dele se esperava, além de ser, também, do conselho editorial da publicação. Beto São Pedro viveu, segundo suas próprias palavras, o momento máximo daquilo que sonhava ser a profissão de jornalista. Demonstrando toda sua argúcia e preparo fez a primeira reportagem,em forma de denúncia, sobre o chamado calcáreo-papel, sendo seguido, na sequência por todos os outros órgãos de informação do estado. Permaneceu em Porto Alegre por nove meses. Retornou para Santa Maria, retomou seu curso, que havia trancado, formando-se em 1978”, contou Werner.
Paralelamente à faculdade Luiz Roberto Simon do Monte, desenvolveu intensa militância política no Setor Jovem do MDB, do qual foi presidente. Atuou, depois de formado, como responsável pela Central do Interior-Região Centro, da Empresa Jornalística Caldas Junior, no jornal O Expresso e nas rádios Medianeira e Santamariense. Em março de 1980, ingressou nos quadros da Câmara Municipal de Vereadores de Santa Maria a convite de Arnildo Martinez Müller e, em 1982, quando seu grande amigo Adelmo Genro Filho concluía o seu mandato de vereador, era a vez de Beto ser eleito com o lema, Beto São Pedro, com o povo sem medo. “Aquele mandato foi de seis anos e teve como norte, como eixo fundamental, a resistência democrática. Intransigente em relação aos seus princípios, mas um bom interlocutor com todas as correntes de pensamento e adversários políticos. Estas foram, talvez, suas principais características naquele período. Destacarei três leis, de sua autoria, que revelam, também, uma das facetas do vereador Beto São Pedro. Por sugestão de James Pizarro, criou a lei que tornou o ipê roxo a árvore símbolo do município de Santa Maria, além de agregá-lo ao Brasão do Município. Percebendo as dificuldades dos portadores de necessidades especiais, em relação ao acesso aos serviços públicos, em função da condição social da maioria deles, tornou lei a gratuidade no transporte coletivo para os acompanhantes destes. Em 1988, foi o responsável pelo tombamento da Vila Belga como Patrimônio do nosso município. A Vila Belga corria riscos e a lei, sugerida ao vereador pelo arquiteto Luiz Gonzaga Binatto de Almeida, impediu o desmanche desse patrimônio histórico e arquitetônico inestimável para todos nós”, salientou o parlamentar. “O nosso homenageado ainda tem no seu currículo o fato de ter sido o primeiro presidente do PMDB de Santa Maria, logo após o fim do bipartidarismo. Deixou o PMDB em 1983 por não concordar com a ida do partido ao Colégio Eleitoral. Alguns agentes políticos são muito bons no palco, na linha de frente; outros se dão melhor nos bastidores; outros, ainda, são bons nas duas situações. O nosso vereador emérito saiu-se bem tanto numa, como noutra função. Em 1989, com a eleição de Olívio Dutra, para a Prefeitura de Porto Alegre, exerceu as funções de Supervisor Geral de Assuntos Externos da Secretaria Geral de Governo, cujo titular era o então vice-prefeito Tarso Genro. Com a eleição de Olívio Dutra para o governo do estado, em 1998, foi novamente chamado e mais uma vez para uma função importante. Nos quatro anos daquele governo, foi assessor parlamentar na Casa Civil e com mais dois companheiros de ofício era responsável pela relação do governo com a Assembléia Legislativa. Findado o período de 1999 a 2002, passou a exercer funções no governo municipal de Santa Maria entre 2003 e 2008. Pode parecer contraditório que um homem público seja avesso à exposição pública, seja arredio às homenagens. Contudo, em relação ao ex-vereador Luiz Roberto Simon do Monte, esta é a mais pura verdade. Relutou em aceitar a distinção que lhe emprestam os vereadores da atual legislatura. Provavelmente tenha feito muito poucos convites a amigos para estarem aqui hoje. É da sua personalidade. Pode ter certeza, Beto São Pedro, que todos nós, desta Casa, te admiramos. Admiramos a tua luta e a tua história. Admiramos, também, a forma isenta com que te conduzes no teu trabalho de jornalista da nossa Câmara Municipal, não permitindo que tua visão de mundo te impeça de dar, a cada discurso, de qualquer vereador, o real significado que cada vereador quer dar. Estar na galeria dos vereadores eméritos é um reconhecimento do parlamento municipal a quem doou parte da sua vida para a coletividade”, concluiu Werner Rempel.
O Vereador Emérito Luiz Roberto Simon do Monte, emocionado, agradeceu a distinção do parlamento e as palavras do vereador Werner Rempel. “Acolho esta homenagem com muito carinho e gostaria de compartilhar esta honraria com todos aqueles que lutaram pela resistência e pelo restabelecimento do processo democrático no país”, disse Beto São Pedro.
O deputado estadual Jorge Pozzobom, o prefeito Cezar Schirmer e o presidente da Câmara, vereador Manoel Badke também reiteram o reconhecimento da comunidade santa-mariense à Cidadã Honra ao Mérito, Alcione Amaral, ao Cidadão Benemérito, Roberto Lemos, ao Cidadão Santa-Mariense, Valdemar Roveda, e ao Vereador Emérito, Luiz Roberto Simon do Monte.


Texto: Ludwig Larré
Fotos: Michele Falcão

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